EMLYON Business School - Bibliotecas inovadoras
Porque inovar em
bibliotecas ?
No Brasil, como na França,
as bibliotecas procuram inovar seus serviços para melhor responderem as
necessidades dos usuários e reforçar sua atratividade em um contexto cada vez
mais concorrencial e porque nao dizer, comercial ?
Nossa estadia na França de
janeiro a março de 2017, nos permitiu identificar práticas inovadoras em bibliotecas
universitárias, que poderiam ser igualmente
aplicáveis no Brasil. Este projeto de cooperação internacional foi possível
graças a colaboração de profissionais da ENSSIB, através de Yves Alix Elisabeth Noel (Monsieur Yves Alix Diretor da ENSSIB e Madame Elisabeth Noel Diretora da Biblioteca),
que não pouparam esforços em relação á organização das visitas ás Instituições
concernentes.
Tivemos também por objetivo
apresentar imagens inovadoras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e das
bibliotecas que compõem o Sistema de Bibliotecas (SiBi), mas
particularmente mostramos a Biblioteca
do Campus Rebouças, onde atuamos profissionalmente. Para isto, realizamos a apresentação
dos serviços e práticas profissionais das bibliotecas da UFPR, suas ações e seus desafios. Nas páginas que se
seguem, elaboramos nosso relato desta experiência, para nosso segundo artigo
deste blog, em mais uma das bibliotecas que visitamos, que inovaram seus espaços
trazendo reflexões através de práticas realizadas em seus Learning center innovation. [2]
Consideramos propor algumas
recomendações ao longo deste texto, que
poderão ser aplicadas nas bibliotecas, daqueles(as) interessados em ter ’un nouveau regard’, condicionado, evidentemente, em investimentos financeiros disponibilizados
para tais ações.
Esta escola, EMLYON Business School, uma das mais antigas do mundo na área de Comércio, fundada em 1872, possui outros Campi,
além de Lyon (objeto da nossa visita)
Paris e Saint-Étienne, na França. Está
representada em Casablanca, no Continente Africano e Xangai, Continente
Asiático.
Cerca de 26.000 estudantes já passaram por
ela, representando mais de 80
nacionalidades. Seu mestrado em Administração foi considerado como o 30º do
mundo pela Financial Times http://rankings.ft.com/businessschoolrankings/masters-in-management-2015 entre
outras avaliações internacionais.
É bom dizer que consideramos,
após nossa visita, realmente a Biblioteca faz justiça ao contexto da Escola no
seu todo.
A Bibliotecária Madame Émilie ROUSSEAU trabalha
nesta Instituição desde 1999. Estava muito feliz em apresentar seu belo
projeto, ao qual, segundo ela, ficou pronto em seis meses.
Vista da frente da Biblioteca - Foto de SoniaMar Passot 2017 |
Seu chefe, Diretor da Escola, no inicio de 2015, chamou-a em um determinado dia e
disse-lhe : tenho uma ideia para
a Biblioteca e dois milhões de euros,
preciso da parceria de uma bibliotecária dinâmica e inquieta para executar,
você aceita ?
E a resposta teria que ser naquela hora. Portanto
nossa colega disse sim, e a partir daquele momento, pelos próximos seis meses
sua vida seria um turbilhão de engenheiros, arquitetos, empresas de mobiliários,
planos, projetos, desenhos, discussões infindáveis, sem horário para iniciar ou
terminar o trabalho. Corajosa não ?
Sobretudo porque no meio do caminho, ‘tinha uma pedra’ faltaram um milhão de
euros. A reorganização da Biblioteca
teve um custo final de 3 milhões de euros. Claro que conseguiram o valor,
apelando para um Banco privado e na negociação, a Biblioteca passou a
chamar-se, Espace Creativity & Learning Hub
Crédit Agricole de l'EMLyon Business School.
Poltrona de leitura - Foto de SôniaMar Passot 2017 |
Poltrona de leitura - Foto de SôniaMar Passot 2017 |
Outra informação que recebemos
da nossa simpática Émilie ROUSSEAU, a quem agradecemos pelo sorriso,
alegria, competência e o delicioso cafezinho. Retornando á informação que não é nenhum segredo,
pois ela disse que poderíamos escrever sobre o assunto, relatou-nos que a
Biblioteca recebeu ainda, algumas centenas de doações,
entre elas a de antigos Professores que
deram nomes às salas (lindíssimas) que
são utilizadas pelos estudantes. Razão pela qual, estas salas de estudos
possuem os nomes dos ilustres doadores que assim manterão sua memória no local
onde trabalharam e viveram por tantos anos. (uma prática que poderíamos adotar
no Brasil, uma vez que estas doações são valores que deveriam ir para o Imposto
de Renda Frances. Nesta altura da conversa, pensei na nossa
simpaticíssima, admiradíssima e
benfazeja LEI ROUANET, que, com todo o dinheiro já gastos (dos nossos impostos) daria para fazer quantos espaços como este,
se fosse realmente o que deveria ser.
Retornando ao
mundo Europeu, (depois destes breves e fugidios instantes em pesamento
direcionado ao Brasil ), os números
impressionam !
São 1300m² de
espaços renovados, para facilitar as trocas e o aprendizado colaborativo, 350
lugares sentados, postos de trabalho individual com acesso livre ou sob
reserva, móveis modulares, 13 salas redondas transparentes com isolamento
acústico para reuniões, 300m2 de salão de trocas e conversas, conteúdos
disponíveis 365 dias ao ano, acessos eficazes ‘full web’ e interface única de busca de alta performance, Arvore
acústica no empréstimo, espaços de aprendizagem ativos e inteligentes, com
materiais lúdicos e originais, paredes onde podem se escrever, PC táctil, Led,
empréstimo de tablet ou e-reader de leitura para livros on-line. Um cuidado
particular foi pensado para a sonoridade do espaço, para que, os grupos que
interagem entre si não incomodem uns aos outros, mesmo falando normalmente.
Vale a pensa assistir vídeo de 3 minutos no dia da sua inauguração: 15 setembro 2015.
Caixa disponibilizada para utilização dentro das salas estudos - Foto SoniaMar Passot 2017 |
A entrada do espaço é
dedicada ao recebimento dos usuários, com informações e empréstimos de livros
físicos. Este espaço também é insonorizado graças a acústica do que foi
denominado de « l’arbre à palabres »[3]. Na parede esta projetada
a palavra « DATAviz » : uma representação animada em tempo real das atividades de leitura e de
consultas dos e-books nas bibliotecas mundiais que utilizam esta base de
dados ‘ScholarVox’. No dia da visita, havia no Rio de Janeiro uma
biblioteca conectada (Instituto Osvaldo Cruz).
Outros serviços
propostos são o empréstimo de ‘tablets de leitura’ e materiais de escritório
como (borrachas, lápis papel, pos-its, canetas ), que são deixadas nas salas de
estudos para os estudantes utilizarem. São caixas pequenas, departamentadas e
dentro estão os materiais. A bibliotecária nos explicou que normalmente não são conferidos, apenas se
repõem o material durante a manutenção dos espaços.
Impossível de recriar
este tipo de atendimento no Brasil atualmente,
por falta total de financiamentos e investimentos, como todos sabemos,
porém acreditamos que podemos nos inspirar, notadamente nas questões de
sonorização dos espaços de trabalhos colaborativos.
Atualmente têm se
debatido no Brasil maneiras de se fazerem cartazes que proíbem os estudantes de
falarem dentro das bibliotecas, porém, poderemos refletir em meios que lhes
permitam de interagirem sem incomodar os outros, senão estaremos indo na
contramão das novas possibilidades que surgem neste quesito ao redor do mundo.
Entretanto, sobra uma
questão muito pertinente que ao longo de toda a visita me perguntei : cadê
os 20 000 livros ? Não estão
visíveis neste espaço. E sómente ao final ficamos sabendo que eles estão
colocados no subsolo do prédio e os estudantes devem fazer solicitações específicas,
caso desejem ter acesso. Alguns professores, andam implicando com isto, tanta
modernidade, principalmente os mais clássicos e solicitam que o acervo fique
disponível para os estudantes, professores, pesquisadores ‘sur place’. Uma questão se apresenta
fortemente neste contexto : Uma biblioteca sem livros, é ainda uma
biblioteca ?
[2] Local
que possui uma gama muito ampla de
serviços –Um lugar âncora nas bibliotecas, espaços diferenciados, neste momento da imaterialização de serviços e
acervos. Ricas coleções on line, multisuportes diferenciados com equipamentos
de informática de ultima geração, forte
presença do mundo digital e alta tecnologia. http://www.abf.asso.fr/fichiers/file/MidiPyrenees/JE_19_05_14_s_naegelen%20(1).pdf
[3] L'arbre à palabres faz parte das
imagens da Africa herdadas das histórias
de anciões que passam suas vivências de geração em geração, sempre embaixo de
grandes e frondosas árvores.
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